quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Não sei :(


Os dias estão tão cinzentos. Eu estou cinzenta. Não brilho.
Acordar e olhar pela janela dá-me uma agonia bruta, não tenho vontade nenhuma de me levantar, não me apetece ir à escola, não quero fazer nada, não quero pensar em todas as coisas que me fazem sentir assim.
Ando tão desanimada. O que me aconteceu? O que me fizeram?
Não ando feliz, não ando contente, não ando sorridente.
É tão horrível não querer pensar e ser a única coisa que se consegue fazer. Porque é que não mandamos na consciência? Porque é que não mandamos nos sentimentos? Porque é que a vida tem tantos porquês e porque é que quase nunca temos respostas para eles, ou quando achamos que temos surge um novo porquê? Pergunto, porquê?
Os amigos (realço os amigos) têm tentado ajudar, chamando-me à suposta razão, preocupando-se comigo, querendo mesmo sem saberem como, ajudar-me a encontrar aquele rumo que tanto me era característico. Agradeço, juro que agradeço mesmo, mas acho que o que se passa comigo não tem uma explicação especifica, mas para mim é um acumular de situações, um acumular de problemas, um exagero de acúmulos, ou seja, é uma fase (espero eu) e a única coisa que vos peço é que não me deixem.
Vou sobrevivendo um dia de cada vez, pensando, sentido, tentando não esquecer que há um amanhã e um além de amanhã…e assim todos os dias.
Obrigado!*

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Será tudo como quero?!*


O que há em mim é sobretudo cansaço
O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.
A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.
Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...
E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...
Álvaro de Campos